No final de 2016, a UNESCO declarou o yoga indiano Património Imaterial da Humanidade. Este organismo considerou que a filosofia subjacente ao yoga “influenciou numerosos aspectos da sociedade” indiana, destacando ainda a “unificação da mente, do corpo e da alma para melhorar o bem-estar mental, físico e espiritual das pessoas” que exercitam esta prática. Este reconhecimento da UNESCO vem, assim, confirmar aquilo que vários instrutores e praticantes de yoga têm vindo a propalar: esta prática opera verdadeiros milagres no corpo e na mente.
Rosinda Paião, instrutora de yoga há praticamente 20 anos, já trabalhou com várias centenas de “alunos” e garante que “quem começa a praticar nunca mais deixa de o fazer. Até podem abandonar as aulas temporariamente, por um ou outro motivo, mas voltam sempre”. Tudo porque o yoga (e sim, é yoga e não ioga) aumenta a flexibilidade, fortalece os músculos, reforça o sistema imunitário, melhora a função pulmonar e acalma o sistema nervoso (ajudando a resolver quadros de depressão e ansiedade).
Pode parecer exagero encontrar assim tantas vantagens numa só prática, mas a verdade é só uma: o yoga promove o bem-estar físico e emocional. Mais ainda: pode (e deve) ser praticado por todos, independentemente da idade, ou da condição física.
“Mesmo aquelas pessoas que têm alguma condicionante física – por exemplo, pessoas com problemas de coluna ou grávidas – podem e devem fazer yoga, desde que informem o instrutor sobre a sua situação pessoal”, assegura Rosinda Paião. O mais importante é que “procurem um instrutor devidamente qualificado e com experiência”, ressalva – e este é um conselho que vale tanto para as pessoas com algum problema físico como para todas as outras.
Ultrapassada esta questão, depois só tem de começar a praticar e deixar-se mergulhar na filosofia do yoga. E não se assuste se encontrar, associadas à palavra yoga, outras designações, como “Asthanga”, “Swasthya”, “Hatha” ou “Kundalini”. Na verdade, “são métodos e escolas diferentes, diferem na técnica mas a essência é a mesma”, explica Rosinda Paião. Qual escolher? A decisão dependerá dos gostos e objectivos pessoais de cada um, podendo recair, por exemplo, numa variante que misture dois métodos.
“Nas minhas aulas aposto no yoga dinâmico, uma linha ensinada no Centro Português de Yoga (CPY) em Lisboa e Valência (Espanha), que combina, de forma inteligente e harmoniosa, as passagens entre os Ásanas (posturas), proveniente de um conceito quase coreográfico da linha de yoga Swasthia e o Vinyasa (com alguns saltos), passagens fluídas, provenientes do Asthangha yoga”, exemplifica a instrutora que há quase duas décadas decidiu abandonar uma carreira num organismo público para se tornar professora de yoga. “Comecei como praticante mas cedo percebi que era isto que queria fazer na vida”, relata Rosinda Paião, ao mesmo tempo que evidencia que o yoga é também uma “filosofia de vida”. Porquê? Naturalmente, um praticante de yoga acaba por, “gradualmente, afastar-se de hábitos físico/mentalmente pouco saudáveis”, afiança a instrutora, exemplificando: “a alimentação natural é também uma condição inerente a uma boa prática de Ásana; viver em comunidade com a natureza, respeitando o meio ambiente e os que o rodeiam; não maltratar os outros; etc”.