A ideia foi aventada numa conversa de amigos, à mesa, enquanto conversávamos sobre um local digno de uma visita. Um monumento religioso que, para além de toda a sua história, tem também essa particularidade de receber “hóspedes” que estejam dispostos (e auto-determinados) a cumprir um retiro espiritual – mínimo de três dias.
Assim de repente, aquela frase soou a desafio. Do género: ora, aqui está uma proposta (ou prova) a considerar. Três dias sem telemóvel, sem televisão, sem notícias (esta nota pode parecer estranha por força da minha profissão, mas, às vezes, dava jeito estar desligada do frenesim mediático), sem preocupações com o que vestir, com os horários do emprego, do ginásio e afins. Com essa certeza: também seriam três dias de ausência em relação aos que mais amo e três de encontro obrigatório (e até à exaustão) comigo própria.
Devo reconhecer que nenhum destes dois últimos cenários me assustam. Muito pelo contrário. Às vezes, é preciso uma pequena ausência para aumentar a vontade de estarmos com os “nossos”. E também há momentos – e olhem que são vários – em que amo estar a sós comigo mesma.
Quando voluntária – e de alguma forma programada -, a solidão transforma-se em algo bem positivo (quem não sentiu ser a sua melhor companhia, num determinado momento da vida, que levante o dedo). Contas feitas, seriam 72 horas a sós, com tempo para reflectir, meditar, dialogar comigo própria. Com apenas um risco – talvez seja melhor chamar-lhe desafio, tanto mais porque uma das ideias-base de um retiro espiritual passa, precisamente, por ultrapassar obstáculos -, devo admitir: como sobra tempo demais para pensar, pode dar-se o caso de alguns pensamentos “tóxicos” – o medo de falhar, de não agradar, etc. – sentirem que têm um terreno fértil para se implantarem . Mas nada como encarar a coisa como um verdadeiro “combate” e manter o foco.
Analisados os prós e os contras, diria “sim” ao desafio. Desde que me deixassem levar um caderno e uma caneta para poder escrever (e muito) – escrever ainda é a melhor forma de conversar comigo mesma, e, por vezes, também com os outros.
Fica a sugestão no ar. Na conversa que despoletou esta reflexão, aludíamos a um mosteiro na Galiza, em Espanha, mas também é possível encontrar estas propostas de retiros espirituais deste lado da fronteira. É o caso do Convento e Santuário do Menino Jesus de Praga, em Avessadas, da Casa da Torre, em Vila Verde, e da Quinta da Costa, em Famalicão, conforme sugere este artigo da NIT. Bons retiros!
Imagino que deve ser bom!
Vou tentar, um dia destes, e depois escrevo a contar como foi 🙂
Ok!☺️
Deve ter sido fantástico este retiro espiritual ( com três dias da pra aproveitar bastante. Abraços